Por Tany
Souza - Site Arca Universal
“Mulher de
malandro. Essa gosta de apanhar!” Ou: “Ele me maltrata, mas o amo, por isso
consigo suportar!” Essas são algumas das frases que já ouvimos sobre ou das
mulheres que se submetem à falta de carinho, atenção e até mesmo suportam a violência física e emocional. Mas isso também pode
acontecer com os homens.
É o que
ressalta a psicóloga Roseleide da Silva Santos. “Para existir um dominado, há
um dominador, e o papel de dominado nem sempre é da mulher. Ambos podem se
sujeitar a uma situação e se satisfazer por migalhas, porque a autoestima está
tão reduzida, que não conseguem perceber que aquilo faz mal.”
No começo
desse tipo de relação, a pessoa não sente que está sendo levada a um
relacionamento de humilhação. “E assim começa a viver em função do outro, não
faz investimento pessoal, não considera a sua própria vida como importante. Um
amor real faz prosperar, evoluir como pessoa, abre a vida para coisas novas e
boas.”
Sentimento
mútuo
Roseleide
explica que uma relação assim não pode ser chamada de amor, porque esse
sentimento permite a troca. “Quando vemos uma mulher, ou homem, que ‘ama’
alguém e não é correspondido, é maltratado, não podemos chamar de amor, pois o
amor é um sentimento mútuo. Podemos dizer que uma pessoa que se relaciona dessa
forma não tem amor próprio, não se respeita, se anula, se destrói, se sujeita a
isso para ter o amor do outro.”
É por causa
dessa sujeição, dessa humilhação desmedida, que o outro se sente no direito de
desrespeitar e de dominar cada vez mais. “E a pessoa se humilha mais para ter
do outro o que não tem dela mesma. É um destrato pessoal, humilhação, que ela
interpreta como amor”, aponta Roseleide.
Essa entrega
sem limites acontece porque a pessoa dominada não conhece o real significado do
amor. “Se eu não sei o que é amar, eu transfiro para o outro a
responsabilidade, conquisto alguém para que me ame. E isso acontece porque a
pessoa não sabe o que é viver um amor saudável, de troca de sentimentos. Temos
que aprender que necessitamos do outro, mas não dependemos dele.”
A porta de
saída
Romper com
essa “bola de neve” que se torna um relacionamento dominador é uma questão de
consciência, de se auto-observar. “Quando a pessoa sente que está sendo
maltratada, tem a sensação e a percepção da falta de respeito, da humilhação,
quando o apreço pessoal começa a questionar tudo o que está vivendo e para onde
essa relação a está levando, começa a fase de se desvencilhar da relação”,
ressalta a psicóloga.
Mas o
problema pode ser maior se a pessoa não conseguir romper a tempo com esse
sofrimento e humilhação. “Porque pode evoluir para uma relação obsessiva, se
tornando patológica. É o que mais vemos na televisão, homens e mulheres que são
capazes de tirar suas próprias vidas, e a do outro, por uma relação doentia,
que eles chamam de amor”, finaliza a psicóloga.