quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Entrevista concedida - Pessoas com transtornos alimentares precisam de tratamento específico


Bulimia e anorexia são doenças que necessitam de terapia multidisciplinar

Por Tany Souza - Site Arca Universal

Comer, comer, comer e depois se arrepender a ponto de tomar laxante ou provocar vômitos; ou simplesmente deixar de comer e de beber água. Em qualquer um desses transtornos alimentares, o tratamento deve ser específico e contar com diversas frentes, como psicólogos, psiquiatras, nutricionista, entre outros.

A psicóloga Roseleide da Silva Santos explica que a anorexia e a bulimia acontecem tanto com homens como mulheres. “Antes, a predominância era feminina, pois não havia pesquisa e diagnóstico entre homens. De 15 a 20 anos para cá, as pesquisas reconheceram casos masculinos, mas ainda a maioria é feminina.”

Além disso, os sintomas tornaram-se mais precoces. “Era comum por volta dos 16 anos, hoje já há casos em meninas de 11 anos, o que compromete todo o crescimento.”

A psicóloga afirma que tanto na bulimia como na anorexia as pessoas se enxergam diferentes do que realmente são. “Elas se olham no espelho e se sentem piores do que veem, e o que veem não corresponde com o que sentem. É uma distorção corporal.”

Isso tudo acontece porque elas perseguem um corpo magro, independentemente do que tenham que fazer para chegar ao seu objetivo. “Elas querem ser magras por entender que, para serem pessoas bem-sucedidas, esse é o fator que fará diferença, apesar de existirem outros aspectos além do social”, esclarece Roseleide.

Há fatores em comum que desencadeiam os dois problemas. “Primeiro a pessoa não reconhece que isso é um problema, mas pensa que é uma opção de vida. Depois ela tem uma imagem corporal inadequada, não se sente amada, tem autoestima frágil, pensa que não tem influência social, familiar, é vulnerável. Acredita que fazendo isso terá a tão sonhada reputação.”

Para identificar se alguém próximo tem uma dessas doenças, é preciso observar algumas atitudes. “Geralmente, a pessoa terá uma aparente perda de peso, no caso da anorexia. Em relação à bulimia, ficará muito tempo sem comer e, quando come, é sem limite, por isso notará o sumiço de grande quantidade de comida, além de ter dor de estômago”, diferencia a psicóloga.

Anorexia X Bulimia

A psicóloga também enfatiza outras diferenças entre as duas doenças. “Eu considero a anorexia a mais grave, porque a pessoa não come nada, fica com o corpo magro e ainda pensa estar gorda. Ela não consegue enxergar a sua gravidade, já que com isso está alcançando o seu objetivo, que é ser cada vez mais magra”.

No caso da bulimia, os problemas são outros. “A pessoa tem compulsão por comida. Logo em seguida, se sente culpada por ter comido tanto. Por isso exagera no laxante, consumindo com periodicidade, além de sempre provocar os vômitos. Isso pode trazer problemas no estômago, além de dores, incômodos e outras doenças”, ressalta Roseleide.

A família

As pessoas com anorexia ou bulimia geralmente escondem dos familiares, mas, mesmo assim, é possível perceber. “A partir daí, os pais precisam procurar ajuda profissional para saber como devem proceder. Haverá um estudo da situação para entender por que está acontecendo e depois será analisada uma forma de trazer a pessoa para a sua realidade.”

E trazer para a realidade é o ponto chave da questão. “A pessoa com bulimia é mais fácil, pois é capaz de reconhecer o seu sofrimento e se dispõe mais. Mas na anorexia, como ela não passa por nenhum incômodo e o que quer é emagrecer, fica mais difícil de fazê-la entender a gravidade.”

É claro que essas doenças são graves, mas há como restabelecer uma vida saudável e adequada. “Ambas são tratáveis e possíveis de recuperação, com episódios de recaídas, por serem transtornos psiquiátricos e psíquicos”, finaliza Roseleide.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Entrevista concedida - Supervalorizar o que considera um defeito traz baixa autoestima

Um simples detalhe pode fazer grande diferença na vida da mulher

Por Tany Souza - Site Arca Universal
 
A balança mostra que está acima do peso, o rosto já não é como antes e o corpo é repleto de defeitos. Essas podem ser algumas observações – principalmente de mulheres – capazes de levar a uma autoestima frágil, com possibilidade até mesmo de interferir na relação com as pessoas ao redor.
 
Para a psicóloga Roseleide da Silva Santos, o problema se agrava quando a mulher tem outras coisas como referência. “Há quem se ache gorda, por exemplo, porque sabe que tal peso corresponde a ser gorda ou magra, conforme os padrões da sociedade. Mas o pior é quando se sente gorda mesmo estando com peso abaixo da média.”
 
Essa maneira como a mulher se percebe pode interferir na forma como ela se relaciona com o outro. “Voltando no mesmo exemplo, quando a mulher se sente gorda, inevitavelmente está se comparando a outra pessoa, e isso é um grande problema que muitas têm: não se aceitar”, enfatiza Roseleide.
 
A mulher deve analisar outros fatores antes de considerar um detalhe como algo grave e que deve ser rapidamente mudado. “Ela precisa analisar o seu biotipo, herança genética, estilo de vida e saber que esse é o corpo que pode ter e não aquele que gostaria de ter, vendido como um corpo de mulher ideal, que é alta, magra e loira.”
 
O começo do problema
 
Quando a mulher não está dentro desse perfil rotulado, sua autoestima começa a ser afetada drasticamente. “Ela se sente rejeitada, frustrada, à margem da sociedade. Além de não se aceitar como é, por não estar conforme os padrões impostos”, explica a psicóloga.
 
É claro que se cuidar para manter a beleza natural e se sentir melhor consigo é algo benéfico, mas o problema nasce quando a vida da mulher fica somente em torno disso. “Excede aquilo que é saudável, o que é possível fazer dentro de sua realidade, porque não aceita estar fora do que é adequado segundo as regras impostas. É dessa forma que a mulher começa, muitas vezes, a se deformar, de tanto desejar ser e ter características de outras pessoas, que nem sempre ornam com seu corpo e estilo - além de se endividar cada vez mais.”
 
Começa aí também um consumismo desenfreado, em busca do padrão imposto, para, assim, se aceitar. “A consequência é se tornar um produto da mídia, da sociedade, da cultura, e deixar de ser ela mesma, de ter uma identidade pessoal e autêntica”, finaliza Roseleide.