quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Entrevista concedida - O egoísmo ganha espaço na sociedade, mas é possível haver mudança

As pessoas começam a perceber o que é mais importante na vida e buscam transformações

Por Tany Souza - Site Arca Universal

Cada dia que passa parece que o caos está ainda mais latente. Além da violência, o que também chama atenção é o egoísmo do ser humano, que parece não se interessar pelo sofrimento e necessidades do outro. O que importa mesmo é viver a sua própria vida.

Segundo a psicóloga Roseleide da Silva Santos, isso é resultado de diversos fatores que permeiam a sociedade. “Hoje, não é permitido que a pessoa fracasse. Há um culto pelo prazer, pela satisfação, pela felicidade, somente os bem-sucedidos são aplaudidos. Por isso, vivemos em um cenário de rivalidade, disputa, onde as pessoas estão mais na defensiva.”

E toda essa defensiva aflora o egoísmo. “Essa busca por nunca estar na posição de derrotado talvez faça com que as pessoas tentem se proteger e tenham um cuidado excessivo com elas próprias, se tornando egoístas”, explica Roseleide.


É preciso compartilhar

Para ela, o ser humano está perdendo o valor do compartilhar, de estar com o outro. “E isso acontece porque houve a perda de alguns valores morais e éticos, além das desigualdades sociais que ficaram maiores. E tudo isso interfere nas pessoas, pois se voltam mais ao seu próprio benefício, causando estragos, que têm maior repercussão do que as coisas boas que acontecem.”

E essas coisas boas como, por exemplo, dar mais valor ao que acontece com si e desejar compartilhar com o outro, têm sido uma luz no fim do túnel. “Embora isso não seja vivido no geral pela sociedade, onde é preciso ter para ser alguém de prestígio, acredito que as pessoas têm se voltado lentamente ao valor de ser alguém e, assim, dar valor a estar com o outro”, ressalta a psicóloga.

Roseleide acredita que, para que isso aconteça com todos, é preciso que a pessoa perceba que para ser, não precisa ter. “É preciso pensar que não se trabalha somente para ter o carro do ano, mas porque ama o que se faz, ajuda as pessoas ao redor. Acredito que dessa forma os valores podem ser refeitos.”

As pessoas estão a caminho de restabelecer os valores humanos, reconhecendo que precisam do outro por perto, que necessitam viver sem precisar somente ter. “É uma semente que está encontrando campo fértil para crescer. A realidade não é essa, mas alguma coisa acontece ao redor. Há movimentos, ONGs de pessoas mais jovens, ou seja, há muita coisa boa acontecendo”, finaliza Roseleide.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Entrevista concedida - Homem e mulher lidam de formas diferentes com o fim do relacionamento

O sofrimento é igual, mas, superar depende da habilidade de cada um

Por Tany Souza - Site Arca Universal

Logo sabemos quando um relacionamento chegou ao fim. A mulher não para de chorar, não consegue trabalhar e manter o ritmo normal da sua vida. Já para o homem parece que nada aconteceu, ele simplesmente continua suas atividades.
 
Segundo a psicóloga Roseleide da Silva Santos, o final do relacionamento afeta tanto o homem quanto a mulher, mas eles reagem de formas diferentes. “Ele sente, mas guarda, esconde dele mesmo e não percebe o que sente. Já a mulher manifesta seus sentimentos, por mais que tenha sido de forma pacífica.”
 
A psicóloga também explica que isso só acontece de forma diferente devido às influências externas. “Podemos contar com a intervenção da cultura familiar e social, além da personalidade, que é construída a partir das interações pessoais. É fato que vivemos em uma cultura machista, onde o homem não sabe elaborar a perda, pois a mulher é tida como propriedade dele, cabendo somente a ele dizer que não quer mais o relacionamento”, diz Roseleide.
 
É por causa dessa forte influência de uma cultura machista que podemos ver na sociedade casos de crimes passionais, que deixam que o ciúme fale mais alto do que o respeito ao indivíduo. “Geralmente isso acontece com aqueles homens que têm um pouco mais de dificuldade de aceitar a rejeição da mulher. Mas isso é muito mais um traço de personalidade e de cultura, que soma também com valores familiares. Porém nesses casos, não estamos falando de amor, porque amar não é ter posse, mas sim compartilhar a vida e saber como o outro é importante como ser humano”, esclarece a psicóloga.
 
Resolvendo a situação
Mas, deixando o lado passional de lado, independentemente de ser homem ou mulher, lidar com o fim de um relacionamento depende da habilidade de cada um. “Não há como mensurar quem sofre mais, o sofrimento não se mensura, mas é importante resolver o sentimento para si, pensar que é um ciclo que termina e que há o que aprender com os erros e acertos. É preciso compreender como o término repercute dentro de si e como influencia em sua vida”, enfatiza Roseleide.
 
Para a psicóloga, somente depois de resolver esse sofrimento é que será possível se envolver com outra pessoa. “É um engano pensar que é preciso um novo amor para curar a dor de outro. Se isso acontecer, pode confundir os sentimentos, as histórias, e vira um emaranhado de sentimentos.”
 
O sofrimento por uma separação poderá ter fim quando o sentimento deixar de ser somente sentido, mas também exposto. “Significa contar para você mesmo o que está sentindo. O falar e se ouvir, perceber como isso se expõe nos seus outros sentidos, como tem influenciado na sua vida como um todo”, finaliza a psicóloga.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Entrevista concedida - Novo formato familiar pede mais dedicação aos filhos

Não depende do tempo, mas sim da qualidade do convívio

Por Tany Souza - Site Arca Universal

Hoje em dia podemos ver maridos que aceitam, concordam e até mesmo estimulam que suas esposas trabalhem e estudem, enquanto isso, eles adquirem a responsabilidade dos afazeres domésticos. Porém, mesmo dessa forma, a maior parte das responsabilidades acabam por ficar sob a incumbência da mulher.
 
 
Essa é uma situação com a qual a sociedade ainda está em fase de adaptação, na medida em que os casais vão se adequando. Porém, a criança continua precisando da dedicação de ambos. “A qualidade do relacionamento entre eles não está no tempo, mas na qualidade do contato. Os pais devem priorizar não necessariamente as horas de atenção, mas sim o que fazem junto com os filhos”, ressalta a psicóloga Roseleide da Silva Santos.
 
Segundo ela, a questão toda está na observação que os pais fazem de seus filhos. “Devem olhar para a criança e conseguir ver a necessidade dela, e não suprir a sua própria culpa por não estar com ela, comprando tudo o que o pequeno desejar.”

É essa culpa que os pais sentem pela falta de tempo que estraga o contato e a relação entre eles. “Esse sentimento faz com que os pais sintam a necessidade de compensar, não estabelecendo limites e sendo permissivos. Dessa forma, a criança cresce sem parâmetros”, chama a atenção a psicóloga.
 
Conciliar tudo
Para conseguir entrar em harmonia com tudo o que acontece em sua volta é preciso saber conciliar sem se cobrar. “Trabalhar também é prioridade tanto quanto cuidar dos filhos, a questão é não exigir ser 100% em tudo. Se aceitamos a nossa condição hoje, de fazer muitas coisas, mas sem sermos assertivos em tudo, a culpa não irá existir.”
 
Roseleide explica que há sim a necessidade biológica dos pequenos de estar com a família, mas eles não se sentem prejudicados por não estar o tempo todo na presença dos pais. “Quem considera que isso acarretará um prejuízo são os adultos. Na escola, com a companhia dos amigos da mesma idade, eles poderão dividir suas experiências e aprender cada dia mais.”
 
O que faz mesmo a diferença é o tipo de interação que haverá entre pais e filhos. “Aquela conversa sobre o que fez o dia inteiro, a manifestação de afetividade, de carinho, a atenção e a qualidade do tempo de dedicação fará com que a criança sinta e perceba a importância que ela tem para seus pais. Não é preciso fazer grandes coisas juntos, mas sim estar junto, independentemente do cansaço e do estresse do trabalho”, finaliza Roseleide.