quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Entrevista concedida - Sem sentimento, sem limite

Blog Como e Por quê? Por Tany Souza

Recentemente, ficamos estarrecidos com mais uma morte de criança. Apesar do fato já ser absurdo, ganha ainda mais peso ao sabermos do envolvimento da mãe e do padrasto. O caso Joaquim Ponte Marques, um menino de 3 anos que foi encontrado morto em um rio próximo de casa, 5 dias após sumir de dentro de casa, nos faz pensar o que está por trás dessa história. Ainda não podemos afirmar quem o matou, mas o fato é alarmante.
Esse caso também lembrou a morte de Izabella Nardoni, de 5 anos, que foi jogada  do 6º andar do prédio onde o pai morava com a madrasta dela. Eles já foram condenados. O pai cumpre pena por homicídio doloso triplamente qualificado, com 31 anos de prisão, e a madrasta por 26 anos de reclusão.
Ambos os casos são alarmantes, assustadores, porque geram alguns pensamentos: Como um pai pode jogar sua própria filha da janela ou participar desse ato? Como uma mãe não percebe o quanto o padrasto pode ser violento com seu filho? Será que essas pessoas não têm sentimento de amor, de compaixão?
E todas essas perguntas são o mínimo que passa na cabeça de pais, que assim como eu, têm filhos, e que, muitas vezes, não conseguem ao menos ouvir uma notícia como essa ou ver a reconstituição do crime. Será que existe amor nessas relações?
A psicóloga Roseleide da Silva Santos explica que pessoas que estão envolvidas em assassinatos de pessoas com laços afetivos não são capazes de ter sentimentos. “Esses seres humanos são desprovidos da capacidade de sentir, não têm essa habilidade. Um dia se relacionam com alguém, casam e têm filhos, mas somente pela obrigação social, pois continuam sem ter sentimentos por alguém. A natureza deles é assim.”
É por causa dessa incapacidade de amar que acontecimentos como esses chamam tanta atenção e ficamos estarrecidos diante de tanta crueldade. “O ser humano acredita que o que prevalece no outro são os sentimento bons. Ignoramos que no outro também há sentimentos ruins. É difícil ver no outro o que nós podemos fazer, porque todo mundo é capaz de matar alguém, o que diferencia são a conduta e os motivos. É complicado conceber como alguém pode fazer isso”, explica Roseleide.
Depois de entender que qualquer pessoa é capaz de matar e que alguns não possuem a capacidade de amar, meus pensamentos foram além: Como a família de um criminoso convive com ele?
E fiquei ainda mais surpresa.
Roseleide esclareceu que, alguém com falta de sentimento, capaz de matar uma criança de forma tão cruel, possui natureza que combina com o seu meio. “É por isso que vemos os pais de alguns criminosos contratando os melhores advogados e tentando de alguma forma ajudá-los. Não há julgamento e, para quem vê de fora, parece mesmo que há uma cumplicidade no ato.”
É por isso que esses criminosos dificilmente voltam a ter convívio social. “A natureza deles só é possível no meio em que vivem. Quando começam a conviver com outras pessoas comuns e agem com maldade são naturalmente excluídos.”
E como atitudes maldosas fazem parte do meio que essa pessoa convive, dificilmente ela ou um familiar procurará ajuda e, pior, ainda poderá cometer outros crimes. “Sem recorrer a alguma ajuda profissional será difícil ele sair desse ciclo, principalmente se o outro estiver atrapalhando”, finaliza a psicóloga.
É terrível imaginar que exista alguém sem a capacidade de amar. Mesmo assim eu preciso acreditar que essas pessoas incapazes têm alguma chance de se restabelecer e ao menos ter a mínima ideia do que é sentir amor ao próximo. A esperança não é a última que morre!
Revisado por Eduardo Prestes