quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O que quer dizer “anular-se”? Essa situação é aquela em que, para nos sentirmos aceitos e, principalmente, amados, nos negligenciamos a ponto de não nos fazermos presentes no relacionamento

Texto publicado na página Godoy Studio Hair - https://www.facebook.com/godoystudiohair


Olá leitores.

Feliz 2016!

Vamos recomeçar nossos encontros e, para o ponto de partida, proponho um tema que tem sido recorrente em meu consultório e que acredito que também apareça no nosso dia a dia: quando nos anulamos perante nossos relacionamentos, especialmente, amorosos.

A queixa comum desta condição é que as pessoas sabem que aquele relacionamento não lhe faz bem, mas se sentem incapazes de separar-se ou procurar melhorar tal situação.

O que quer dizer “anular-se”? Essa situação é aquela em que, para nos sentirmos aceitos e, principalmente, amados, nos negligenciamos a ponto de não nos fazermos presentes no relacionamento (é como se não participássemos do mesmo). Ouvi recentemente de um cliente “para ser aceito por minha mulher precisei abrir mão de ser eu mesmo”, ou seja, nos tornamos uma fraude, criamos um personagem que agrada ao outro e nunca a nós mesmos.

Muitas vezes não temos a percepção de que estamos agindo desta forma, mas a sensação de que algo não satisfaz é notada, porém, sem ser valorizada. E o que faz essa percepção ser sentida? É quando, passados muitos acontecimentos, vamos conscientizando-nos dolorosamente, que não é desta forma que seremos felizes, pois são muitas as desilusões, decepções e frustações. Ou, quando nossa infelicidade fica crônica e os outros passam a nos contar que estamos diferentes, tristes, nosso modo de ser é outro, enfim, nosso comportamento sofre muitas alterações.

Isso acontece porque somos educados e aprendemos que a única fonte de felicidade é quando estamos num relacionamento e que isto seria sinônimo de prazer eterno, e quem não o encontra teria “algum problema” ou “estaria encalhado”, enfim, toda sorte de termos pejorativos que mostram que somos incompetentes para firmamos um relacionamento.

O ser humano é um ser relacional, portanto, necessita estar em relação com o outro para se constituir com um ser pensante, presente e atuante, mas que tipo de relacionamento estamos experimentando ou falando? O que ouço de meus clientes é que não querem se sujeitar a uma condição em que se sentem constantemente humilhados, desprezados, ignorados ou “pagar qualquer preço” para terem alguém consigo.

E como solucionar esta dificuldade? O importante é desenvolver a nossa capacidade de nos valorizarmos e reconhecermos (autoestima) o que é essencialmente importante a cada um e não o mero cumprimento de protocolos sociais e culturais, além de compreender as reais necessidades individuais e não transferir ao outro, ou cobrar deste, a incumbência de nos fazer felizes (o que é, no senso comum, chamado de carência). A nossa felicidade não depende do outro e sim do nosso esforço individual, de evoluirmos como seres autônomos e termos com o outro uma parceria nesse processo, e não uma “muleta” para preencher nossos “vazios”.

Finalizando nossa conversa quero propor uma reflexão a partir de uma frase do brilhante Jean Paul Sartre:

 “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”

Até o próximo mês.

Abraços,
Rose


Revisão: Regiane da Silva Santos
Blog: http://traduzosuaideia.blogspot.com.br