terça-feira, 28 de junho de 2016

Depois de tantos anos na cadeira de rodas achava que nenhum adjetivo seria ainda capaz de me machucar... ledo engano!

Texto publicado na página Godoy Studio Hair - https://www.facebook.com/godoystudiohair

Olá leitores

Como estão?

Quero iniciar nossa conversa com a descrição de uma lamentável situação ocorrida com uma pessoa muito próxima a mim:

“Depois de tantos anos na cadeira de rodas achava que nenhum adjetivo seria ainda capaz de me machucar... ledo engano!
Sábado, 07 de Maio, shopping Penha, entrada principal: um grupo de rapazes, entre seus 20 e tantos anos, passam fazendo algazarra e falando besteiras sobre namoradas e um deles aponta para mim e diz a um dos amigos "Olha ali fulano, a de preto, perfeita pra você!" (detalhe, estava referindo-se a mim) ao que o outro responde prontamente e aos gritos "Credo, que monstro!"
Fiquei indignada e ferida numa fração de segundos e permaneci ali, envergonhada e imóvel.
Fui ao banheiro a procura de um espelho para tentar "amenizar" tal monstruosidade e, quase chorando, percebi que não poderia fazer nada... seria a cadeira? seria meu corpo? seria meu rosto? seria a junção de tudo isso?...
Não descobri, sinceramente... estou me perguntando até agora se, por acaso, haveria um espelho atrás de mim e aquela criatura estivesse se referindo ao seu próprio reflexo... é, talvez faça mais sentido...’

Como você se sente ao ler esse relato? Indignado? Revoltado? Ofendido? Chocado? Perplexo?

Como você se sente ao ver, cotidianamente, em nosso noticiário episódios semelhantes a este? Fica horrorizado porque o outro é quem o praticou, mas ri de piadas que zombam de outros por causa de suas diferenças (obesidade, orientação sexual, religião, etc.)?

Estamos vivendo uma realidade social, cultural, política, psicológica e educacional em que a INTOLERÂNCIA tem ganhado notoriedade por sua crueldade, o que nos sinaliza que necessitamos, urgentemente, rever e repensar a maneira como nos comportamos com o nosso semelhante.

Porque somos tão intolerantes? Porque conviver com as diferenças é tão insuportável? Porque acreditamos que somos “melhores” que outros?


Ser intolerante significa não ter a capacidade de aceitar e respeitar a diferença que o outro demonstra por julgar-se “superior”. Aceitar, ao contrário do que muitos pensam, não significa concordar, mas sim, possuir a aptidão de observar no outro sua singularidade e considerá-la com a sua devida importância e lembrar-se que TODOS a tem.

Será que ser intolerante não significa que ao vermos os “defeitos” dos outros enxergamos, na verdade, tudo aquilo que rejeitamos em nós? O outro, nada mais é, do que um espelho que reflete como, de fato, somos e não gostamos de constatar. Ou que o outro seja mais competente que nós mesmos e faça tudo aquilo que não conseguimos? Estamos vivendo numa sociedade em que a disputa tornou-se crônica e nos adoece a ponto de vermos em nosso semelhante um adversário que deve ser abatido. 

Porque será que nos é tão caro encontrar a harmonia entre nós? O ser humano é dotado, e lhe é imprescindível, estar com e na presença do outro pois isto o legitima, portanto, quando aprendermos a importância que temos uns para os outros poderemos, realmente, construir relacionamentos em que o verdadeiro amor possa acontecer. Tenho muita fé nisto!

Até o próximo mês.

Abraços,
Rose


Revisão: Regiane da Silva Santos
Blog: http://traduzosuaideia.blogspot.com.br