Minha cliente que, gentil, amorosa e generosamente, concedeu a autorização da publicação de sua poesia.
as reminiscências do que vivi
não têm começo ou fim
apenas meio, vago.
o todo é uma mistura
de sonhos e acontecimentos
do que eu (não) vivi
como um alzheimer reverso
só lembro do presente
que depois, vira passado
e eu já não sei mais
do fundo do meu cerne
regurgito a inquietude gritante
de sensações,
de sensos,
desse composto mutante
as palavras se confundem
minha fala é uma
linhacontínuadeerros
(...)
eu juro,
aqui dentro faz sentido
mas mãe,
me leva de volta para o teu ventre.
aqui fora não é para mim,
que tenta desvendar
e compreender todo mistério,
ter certeza.
ninguém deveria nascer
querendo saber tanto,
mãe,
senhora de todas as verdades,
me ensina a viver conforme
mãe.
---
o que sei de tudo isso
vem de escassas, turvas memórias.
mas esse passo lento
há de mostrar algo que valha.
e vai...
de cá, pra lá
(nunca de lá, pra cá)
pai, ladrão e demente
todo tipo de gente
segue a mesma direção;
é o ciclo de uma só mão.
Antologia Poética, Prêmio Sarau Brasil, Edição 2014
Organização e Apresentação, Isaac Almeida Ramos