segunda-feira, 18 de junho de 2012

Entrevista Concedida - Carinho e amor na infância formam um adolescente mais afetivo

Porém, o afeto vai além de beijo e abraço

Por Tany Souza - Site Arca Universal

Em vez de gritar, dialogar. Vontade de bater, mas colocar de castigo. Algumas atitudes dos pais podem construir uma boa infância e criar um vínculo afetivo com a criança. Mas isso só é possível quando há um interesse de cuidar, de proteger, e não de bajular ou de repreender sempre.
É o que explica a psicóloga Roseleide da Silva Santos sobre as consequências de uma infância bem construída. “A criança é um campo fértil, por isso a troca efetiva é aprendida e construída. Quando a criança reconhece isso e quando há troca, consegue se desenvolver nas outras relações e leva isso adiante.”
Roseleide enfatiza que carinho e amor vão além de beijo e abraço. “Atenção, preocupação, interesse pelo bem-estar, o olhar e reconhecer as necessidades do outro, tudo isso é relação afetiva, amor, e a criança ou o adolescente que receber isso desejará compartilhar da mesma forma com o outro.”

A família - Tarsila do Amaral
Frieza nas relações
Há inúmeros jovens que não conseguem se relacionar com os pais e possuem somente alguns amigos. Parece que suas relações são frias, sem afeto. Mas não é bem assim. “A troca afetiva é desenvolvida. Se a pessoa é considerada fria, na verdade, ela pode estar se protegendo.”
Parece antagônico, mas a frieza indica que o jovem precisa de mais carinho. “Se ele não foi alimentado ao longo dos anos, não consegue suprir sua necessidade e se torna frio. É como se dissesse: ‘Eu preciso tanto de carinho, mas não sei como ter’”, ressalta a psicóloga.
Para quebrar esse paredão de frieza é preciso muita paciência e dedicação. “É necessário ir devagar, quebrando lentamente a falta de relacionamento, sendo firme, mas também muito amoroso.”
Além da falta de carinho na infância, a frieza juvenil se dá também por regras impostas pela sociedade. “Essa falta de relacionamento acontece mais entre os meninos, porque há uma regra machista coletiva de que homem não chora, de que é proibido demonstrar o que sente. O homem não é insensível, ele se torna assim”, diz Roseleide.

A realidade do jovem atual
Para a psicóloga, hoje o jovem é bombardeado por uma série de problemas e não tem atenção. “Não há alguém que o aprecie, que o valorize. É mais do que importante ter esse cuidado, não por imposição, mas sim de forma amorosa, orientando e repreendendo quando necessário.”
A afetividade anterior vivida na infância, com o cuidado e proteção dos pais, pode formar um jovem mais carinhoso. “Junto de tudo isso, ter o contato, como um abraço, por exemplo, é fundamental, pois a verdadeira manifestação do amor é compartilhada e não é presa. Tudo isso faz muita diferença no jovem”, finaliza Roseleide.

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